Caros Alunos e Familiares, Colaboradores, Colegas e Amigos,
“Sou um crente irremível”, referia eu no ano transato, por altura da mesma mensagem que aqui hoje vos deixo. Dirigia-me a todos Vós com a crença inabalável no trabalho de todos, com a certeza de não ser possível destruir, seja de que maneira for, a verdadeira razão que nos une enquanto educadores: contribuir para a construção das gerações do futuro!
Volvido um ano… há tanto que mudou… há agora outra causa que se prioriza nas nossas vidas – a saúde e a segurança de todos nós e de todos aqueles que cuidamos e amamos! Porém, a mesma convicção assumo neste novo virar de ano… a mesma fé indefetível na nossa capacidade de resiliência… na nossa capacidade de nos unirmos… de vencermos… juntos!
Não me atreveria a ignorar o enorme sofrimento de muitos, as perdas já choradas e feridas ainda abertas, que teimam em não fechar… não saberia como consolar tal dor! Mas sei que seremos poucos para o tanto trabalho que nos espera… para a tão árdua tarefa em mantermo-nos fiéis ao grande desiderato de crianças e jovens aprenderem e crescerem como cidadãos saudáveis física e mentalmente… de alcançar o bem-estar de cada um e de todos!
É Natal… é tempo de esperança… mas ela falha a tantos… neste momento espero podermos saber dar as mãos, ainda que, por contingência do momento, à distância! E é tantas vezes à distância que sabemos estar presentes… é sem rosto nem corpo, é sem voz nem abraços, mas com alma e sentimento que tantos anónimos se unem, juntam-se em comunidade e não negam a ajuda! Antecipam-se à mera vontade e arregaçam as mangas na procura dos necessitados, daqueles que mergulhados na solidão ou no silêncio da vergonha se confinam na desesperança de um futuro! Esta pandemia rouba-nos tanto, mas não nos roubará a dignidade!
E há também aqueles que sabiamente conseguem ser guerreiros na arma do saber… da construção da aprendizagem… aqueles que em qualquer contexto encontram o melhor de si e o melhor em cada um! Aqueles que verdadeiramente não deixam ninguém para trás, não fazendo dessa expressão um mero eufemismo de ação mediática! Aqueles que acreditam, aqueles que não se deixam embalar num clima cinzento e derrotista.
E são tantos os exemplos, que temo que alguns se quedam obnubilados na minha memória:
− a ação social e comunitária e de verdadeira cidadania de pais, alunos, professores, autarquia e outros parceiros;
− as palavras e as letras que (re)nascem nos primeiros anos de vida escolar com o “A Ler Vamos” e as “Letras que Falam”;
− os gabinetes de crise, que não se deixam intimidar pelas dificuldades e fazem delas vitórias, dando “colo” a quem precisa, num verdadeiro serviço comunitário que prestam;
− uma equipa multidisciplinar, que muito mais do que garantir uma educação inclusiva, promove o acolhimento de cada um e de todos, não se limitando a olhares concêntricos e fechados;
− o olhar para horizontes abertos, protagonizados pelo Erasmus +. Uma equipa que teima em retirar do anonimato uma pequena Escola rural do interior de uma cidade pequena;
− as comunidades de aprendizagem, com o seu epíteto no INCLUD-ED;
− as associações de estudantes e de pais, que se fazem presentes em cada momento;
− as relações e correlações que se geram na cumplicidade dos RIC;
− as partilhas e compromissos que se desenvolvem no companheirismo de qualquer departamento, sob o aconchego de cada coordenador;
− as tutorias e mentorias para alunos que queremos ligados a nós e entre nós;
− a saúde que os mais jovens promotores teimam em manter;
− o cuidar do bem-estar físico e emocional de todos – onde os nossos psicólogos se situam na linha da frente;
− a comunicação que insistimos em manter todos ligados a nós e uns com os outros, mesmo quando estão à distância, num combate tão desigual à solidão;
− as montras de saber e aprendizagem: veja-se o recente fórum da ciência, que nos enche de orgulho das nossas crianças e jovens, revelando valer a pena apostar no conhecimento. Poderemos ter outros fóruns… de ciência, de literatura, de tecnologia, de arte…;
− os clubes… desde o desporto (agora limitado) até aos que não quebram o ímpeto e enfrentam, o que para muitos não passam de meras ilusões na luta por um planeta mais equilibrado e saudável e nos vão dando bandeiras de orgulho de Eco Escolas;
− a biblioteca que não se fecha a nós e mantem viva a magia da leitura e da escrita, seja com o M.E.L., seja com o vigor de que os Pais também leem, e até com as ferramentas digitais recentemente disponibilizadas à comunidade pela professora bibliotecária, entre tantas outras iniciativas;
− o sorriso de cada assistente operacional e técnico… que estão sempre presentes em cada momento;
− e a arte… seja qual for… aquela manifestação do eu e do outro… O estímulo dos sentidos, que pode bem ser a descoberta da capacidade de cada um. Não que sejamos ou queiramos fazer de todos artistas, mas queremos valorizar a singularidade do uno… haverá muito a fazer nesta Escola a este nível e o Programa Nacional de Artes, promovido pela DGE, poderá ser uma boa via de ação futura…
Caros Alunos e Familiares, Colaboradores, Colegas e Amigos,
Somos agora uma Escola pré-universitária. Orgulhamo-nos do trajeto que temos feito… sempre sinuoso… não nos revemos em percursos retilíneos, sem erros ou desvios… acreditamos que as chagas nos fazem mais fortes! Nem sempre temos o dom de fazer o certo pela certa! Mas saibam que tentamos! O caminho jamais se completará e, quando uns ciclos se fecham, outros se abrirão!
Certo estou que “A coruja de Minerva levanta voo ao cair do crepúsculo”. É nesta perspetiva que HEGEL nos ensina que a sabedoria só vem com a idade… é preciso deixar amadurecer. A Sabedoria é a prática das virtudes no difícil equilíbrio entre a falta e o excesso. Queiramos nós entender tal equilíbrio e por ele saber esperar…
UM NATAL FELIZ E COM SAÚDE!
UM ANO NOVO QUE SE RENOVE NA ESPERANÇA!
Um vosso amigo,
Mário Rocha
Diretor do AE Cristelo